Agora, com o grupo já parcialmente formado, começo a preparar-me para a viagem. Isso me faz pensar no futuro do Euro e nos desdobramentos da crise para janeiro de 2012...
Engraçado falar em crise. Mais correto será usar no plural a palavra: crises! Porque ao contrário do passado, não temos a localização geográfica do evento. Ele ocorre simultaneamente em clara demonstração de interligação e contágio entre ativos, entre sistemas financeiros, entre nações. Fiz um pequeno levantamento e podemos notar que a crise vem ocorrendo desde a década de 90. Como se tratavam de crises associadas a espaços nacionais, era relativamente fácil o isolamento, a adoção de medidas, o amargar das conseqüências.
México Dezembro 1994
Tailândia Julho 1997
Filipinas Julho 1997
Indonésia Agosto 1997
Malásia Agosto 1997
Coréia Novembro 1997
Rússia Setembro 1998
Brasil Janeiro 1999
Turquia Fevereiro 2001
Sub-Prime Setembro 2007
Grécia Dezembro 2009
Irlanda Outubro 2010
Portugal Abril 2011
Itália Julho 2011
EUA Agosto 2011
Talvez haja alguma discordância quanto a datas mais precisas e talvez eu tenha me esquecido de alguma situação, mas a lista é longa e significativa! Denota um processo estrutural, uma tendência e não um fator conjuntural!
No caso Europeu o uso e a manutenção de uma moeda comum estão ameaçados. O pesado ajuste fiscal necessários à solução do problema de endividamento agrava diferenças sociais entre os países membros do bloco, cria movimentos migratórios indesejados e situações sociais de difícil controle.
As soluções para a manutenção do Euro passam por uma "socialização" do endividamento que pode ocorrer através da emissão dos Eurobônus, uma desvalorização do Euro seguida de elevações no nível de preços ou de uma transferência de recursos tributários entre países do bloco (impensável...).
O impasse entre os países membro denota a dificuldade de colaboração em assumir perdas coletivas. A não superação das diferenças e a não tolerância a perdas pode resultar em perdas mais elevadas. Ao final, o equilíbrio atua como força gravitacional e o ajuste é naturalmente atingido. O difícil é conhecer a forma do ajuste e o preço a ser pago. Este pode vir na forma de desemprego elevado, inflação, perda do poder de aquisição de alguns espaços nacionais ou outro.