Frase de M.H. Simonsen que, descontextualizada, justificaria a escolha do Copom de abaixar a taxa de juros de 12,5% para 12%. Queda tão esperada quanto desejada, frustrou pelo descuido e pela falta de compromisso com a regra monetária.
Hoje, comparando com um jogo de futebol, disse aos alunos que apesar de ser absolutamente desejável um jogo sem faltas, não queremos um Juiz que deixe de arbitrar uma ao vê-la! De forma análoga, não desejamos uma taxa de juros tão elevada tanto quanto não deveríamos desejar que o Banco Central ignorasse as pressões inflacionárias!
Mas, enquanto o Banco Central muda o sentido do remo, o Governo anunciou uma elevação de meta de superávit primário. Esta medida sim colabora para a redução eficaz da taxa de juros sem, contudo, comprometer a rolagem da dívida interna. Isso mesmo. Uma queda maior na taxa de juros, considerando as expectativas de inflação, pode tornar difícil a rolagem da dívida. Desta forma, a medida acertada de elevação do superávit primário em resposta à crise reforça a avaliação das agências de rating enquanto uma redução maior da taxa de juros compromete a gestão da dívida e seu financiamento!
Aparentemente, a decisão do Copom olhava para a valorização do real e para a necessidade de neutralizar a taxa de cambio.
Tinbergen já alertava décadas atrás para a necessidade de vincular um instrumento de política econômica a uma meta ou variável objetivo e a uma instituição. Desta forma, o Banco Central deveria obedecer ao Decreto Lei que definiu o compromisso da Autoridade Monetária com a meta inflacionária. Talvez pensar em controles de capital fosse o mais adequado para enfrentar a situação atual e a apreciação cambial. Mas, com certeza mudar de objetivo amplia o ambiente de incerteza, eleva a especulação e, como resultado talvez tenhamos que reformular a frase do professor Simonsen para Cambio aleija, mas Inflação mata!
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