quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bolsas de Estudo em Universidades Européias

The BABEL project (with financial support granted by the European Commission through the Erasmus Mundus Programme) grants scholarships to Latin American students and staff members to undertake a mobility period, or full degree, in some of the best universities in Europe. Scholarships are available for undergraduate, master, doctorate students, post-doctorates and staff members (academic and administrative) and include a monthly allowance, travel, insurance and tuition fees.


http://babel.up.pt/

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Por que uma moeda única?

De quando em vez eu me deparo com uma notícia especulando sobre a possibilidade de saída da Grécia, Portugal, Irlanda ou mesmo da Alemanha da Zona do Euro. Quando então me pego pensando qual a possibilidade real de um país pedir para sair da União Europeia. Isso mesmo, sair da Zona do Euro implica sair da União Europeia. Claro que é possível permanecer na União Europeia sem adotar a moeda comum. Mas, então, porque o grupo de dezessete países optou por abrir mão da soberania nacional em escolher sua taxa de câmbio e fazer política monetária? 
Uma longa história de desvalorizações competitivas e unilaterais mostrou que o aumento das exportações líquidas era temporário e substituído pela deterioração da balança comercial dos demais países vizinhos ensejando retaliações e novas desvalorizações. Processos inflacionários também resultaram das desvalorizações. 
A ausência de coordenação de política econômica, característica do pós-guerra, produziu resultados indesejados e em 1944 criava-se o Sistema de Bretton Woods, que cristalizava os esforços de um conjunto de 44 nações em evitar o sistema de desvalorização competitiva. 
Na década de 60, o receio de que os Estados Unidos desvalorizassem o dólar, provocaram um forte fluxo de capitais para a Alemanha, apreciando fortemente o marco alemão e prejudicando as exportações deste país. Simultaneamente, um fluxo negativo de capital pressionava a França a desvalorizar sua moeda. De Gaulle impos controles cambiais para evitar a desvalorização, enquanto a Alemanha decidia manter a paridade marco-dólar. Mas, as entradas de capitais implicavam em expansão monetária e pressões inflacionárias na Alemanha.
Uma Comissão foi criada para estudar a possibilidade de unificação monetária como forma de evitar os problemas inerentes à coordenação das políticas monetárias nacionais. Segundo Eichengreen[i], " o relatório do Comitê Werner, publicado em outubro de 1970, concluiu que o travamento irrevogável da taxa de câmbio era essencial para a preservação do Mercado Comum e para a proteção da Europa contra impulsos de desestabilização cambial oriundos dos Estados Unidos, propondo, para tanto, um sistema de bancos centrais em âmbito europeu, semelhante ao Federal Reserve System e enfatizando a necessidade de se coordenarem os orçamentos nacionais dos países participantes da União monetária".
Mas, em março de 1973 "já não havia dúvida de que os Estados Unidos estavam a ponto de abandonar todas as pretensões de estabilizar o dólar" (Eichengreen, p.77) e, em agosto de 1973 o governo americano anunciou a suspensão da conversão de dólares em ouro seguido de uma desvalorização de aproximadamente 7,9%. Um acordo levou a Alemanha a ampliar a desvalorização do dólar em mais de 7,9% para evitar que países com economias mais frágeis pudessem valorizar menos suas moedas. Antes que isso ocorresse, a defesa da paridade acordada em Bretton Woods levou a Alemanha e os Países Baixos a comprar enormes quantidades de dólar. Estava claro que as variações acordadas em Bretton Woods eram insuficientes e bandas mais amplas foram negociadas: em lugar de 1%, agora era possível uma oscilação de 2,25% da taxa de cambio. Mas, a ampliação da oscilação em torno do dólar criava problemas no interior da Europa uma vez que ampliava as oscilações monetárias entre os países do Mercado Comum Europeu e comprometia a Política Agrícola Comum. Como resultado, "os países do bloco concordaram em manter suas taxas de cambio bilaterais em faixas mais estreitas" o que ampliava a cooperação monetária entre os países do bloco.
Mas, as tensões monetárias entre os países do bloco não diminuíram e, em 1978, um Comitê propunha  retomar um novo conjunto de bandas cambiais definidas em relação a uma cesta de moedas.  Criava-se o Sistema Monetário Europeu e uma sequencia de alinhamentos cambiais se arrastou pela década de 80 como resultado do esforço de consolidação do Mercado Comum.
Para melhor compreender a necessidade de Coordenação das ações dos Bancos Centrais para alinhar taxas de Cambio, a necessidade de ajustar a política fiscal de forma a garantir flexibilidade monetária e a relação entre a política fiscal, monetária, cambial e a integração econômica dos países do bloco europeu, recomendo ler o livro de Eichengreen referenciado neste texto.
Voltemos à pergunta inicial: porque o grupo de dezessete países optou por abrir mão da soberania nacional em escolher sua taxa de câmbio e fazer política monetária?  O pós-guerra exigiu cooperação para a construção da paz e esforços locais para a promoção do crescimento econômico e geração de empregos Para unificar seus mercados e formar um bloco econômico foi necessário eliminar barreiras entre as diferentes economias.  A união tarifária impôs limites à política fiscal. Os limites à política fiscal definiram limites à política monetária e esta estabeleceu limites à política cambial. A unificação pela paz implicava em sacrifícios em termos de interesses locais e de soberania nacional. Um delicado equilíbrio foi tecido ao longo de décadas.
A reunificação econômica e monetária da Alemanha reacendeu o temor pela paz e alimentou o esforço de unificação criando a moeda única.
O Euro e o Banco Central Europeu coroam o esforço de cooperação e seus contornos foram forjados pela história. É esta história que também explica por que Grécia, Portugal e Espanha, entre outros, abriram mão de sua soberania em escolher sua taxa de cambio (cuja escolha já não era tão soberana). É esta história que me faz pensar que imaginar que a Grécia solicite sua saída do bloco é, no mínimo, simplista.
 


[i]EICHENGREEN, Barry. PRIVILÉGIO EXORBITANTE: A ASCENSÃO E A QUEDA DO DOLAR E O FUTURO DO SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL. Rio De Janeiro: Campus, 2012.