Vinhos

The Elimination of Tariffs in a Wide Free Trade Area in Europe: An Analysis for Selected Commodities
C. Kevork
Journal of the Royal Statistical Society. Series A (General)
Vol. 124, No. 1 (1961), pp. 81-92
Published by: Blackwell Publishing for the Royal Statistical Society
Article Stable URL: http://www.jstor.org/stable/2343155


ARTIGO PUBLICADO NO ESTADO DE SÃO PAULO EM 25/04/2011

Destino das vinícolas preocupa franceses

Chineses começaram a comprar produtores de vinhos, o que levou o governo francês a anunciar leis que impedem a venda a estrangeiros

Jamil Chade - O Estado de S.Paulo

SANTENAY, BORGONHA

Durante a 2.ª Guerra Mundial, os produtores de vinho da França esconderam as melhores garrafas em porões e até mesmo enterraram parte da produção para que não fosse levada pelos alemães. Agora, o governo francês volta a se preocupar com o destino de suas vinícolas. Paris anunciou leis que impedem a venda de certas terras, vinhedos e vinícolas tradicionais para estrangeiros. A preocupação, desta vez, não são os alemães. Mas, sim, os chineses que começam a investir pesado na compra de vinícolas da França.

Se até pouco tempo o vinho era um produto de luxo na China, nos últimos anos a bebida ganhou espaço, transformou-se em um sinal de status e o interesse chinês pelo vinho europeu explodiu. Em 2010, a China se transformou no maior consumidor de Bordeaux do mundo, com uma importação de 33,5 milhões de garrafas. Segundo o Conselho de Vinhos de Bordeaux, a China garantiu vendas de mais de US$ 450 milhões apenas para a região. No total, Pequim já importa mais de US$ 1 bilhão em vinhos por ano.

Agora, empresas chinesas não querem apenas comprar as garrafas e, sim, controlar a produção e garantir o abastecimento. Christine Delorme não esconde que está preocupada com a chegada dos chineses. Ela dirige uma pequena produção de vinhos no vilarejo de Santenay, na Borgonha. "Sou a sexta geração da minha família produzindo vinho e estamos sendo assediados por empresas chinesas que estão dispostas a pagar caro para ficar com nossa produção", contou.

Ela produz vinho em 11 hectares mantidos pela família desde o século 19. "Há muita gente que está com problemas financeiros e, diante de uma oferta tentadora dos chineses, acabam vendendo tudo que tem."

A dona da vinícola apoia a decisão do governo francês de impedir a venda de determinadas terras para estrangeiros. "Temos de proteger o nosso patrimônio, que é cultural também", disse. A proprietária conta que por meses tem visto a chegada de missões chinesas percorrendo a região e mantendo negociações com diversos donos de vinícolas. "Eles são espertos. Quando não podem comprar, entram como sócios em empresas locais que, depois de alguns meses, investem em determinadas produções."

A principal ofensiva vem da estatal chinesa Cofco que comprou no início do ano o tradicional Chateau Viaud, na região de Bordeaux. Outra propriedade já adquirida pelos chineses foi o Château de la Salle, além do Chateau Richelieu, que serviu de residência para amantes do polêmico cardeal francês. Prova da ligação entre o vinho francês e o status social na China foi a compra do Château Laulan. O comprador foi a empresa de joias da China, a Tesiro