quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fracasso Europeu?

Vale ler a matéria de José Luis Fiori no jornal Valor Econômico de 22 de setembro de 2011! Segue o link: http://www.valor.com.br/opiniao/1014068/o-custo-intangivel-do-fracasso-europeu 

domingo, 11 de setembro de 2011

Macrofinancial linkages

No livro "Macrofinancial linkages", do FMI, há fartas evidências e pesquisas sobre os mecanismos de transmissão financeira e monetárias e os consequentes impactos sobre a economia real.
Marin Cihak e Petya Koeva Brooks mostram evidencias de uma forte relação causal entre a oferta de crédito, a demanda por crédito e o PIB para a zona do Euro.
"O aperto nas condiçoes de financiamento associadas à crise afetam a Zona do Euro através de quatro principais canais:
  • Primeiro, o aumento nos custos de financiamento bancário (associados a premios e taxas de mercado mais elevados em função dos riscos) podem ser passados para firmas e consumidores através de maiores taxas de empréstimos (lending rates). De fato, as taxas de empréstimo no varejo começaram a subir em meados de 2007 apesar de ser a continuação de uma tendência prévia ;
  • Segundo, em resposta aos seus próprios balanços deteriorados e condiçoes financeiras, os Bancos Comerciais podem limitar o montante de crédito disponivel para os emprestadores a um dado preço (*). Isto pode ocorrer na forma de um estreitamento das condições de financiamento. Pesquisas mostram um aperto considerável nas condições quantitativas de empréstimos bancários sugerindo que o ciclo de crédito se inverteu a partir de meados de 2007;
  • Terceiro, os custos de emissão de debentures e ações podem também ser elevados limitando as possibilidades de substituição do financiamento bancário. Debentures e spreads de crédito (credit default spreads) de todos os vencimentos e classificações aumentaram acentuadamente, e o mercado de ações caiu desde o início da crise.
  • Quarto, as condições de financiamento mais restritivas poderiam criar efeitos aceleradores financeiros diminuindo preços de ativos e reduzindo o valor da garantia. Dados disponíveis confirmam que os preços dos ativos caíram vertiginosamente, impactando sobre os valores das garantias." (capítulo 4; "From subprime loans to subprime growth? Evidence for the Euro Area"; tradução minha)
* O assunto é antigo e há farta bibliografia sobre Racionamento de crédito.

 O capítulo mostra como através destes canais as empresas se viram obrigadas a reduzir o nível de atividade e suas expansões! Para pensar sobre a natureza financeira e a natureza real das crises recentes!!!!!!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Inflação aleija, Câmbio mata?

Frase de M.H. Simonsen que, descontextualizada, justificaria a escolha do Copom de abaixar a taxa de juros de 12,5% para 12%. Queda tão esperada quanto desejada, frustrou pelo descuido e pela falta de compromisso com a regra monetária.
Hoje, comparando com um jogo de futebol, disse aos alunos que apesar de ser absolutamente desejável um jogo sem faltas, não queremos um Juiz que deixe de arbitrar uma ao vê-la! De forma análoga, não desejamos uma taxa de juros tão elevada tanto quanto não deveríamos desejar que o Banco Central ignorasse as pressões inflacionárias!
Mas, enquanto o Banco Central muda o sentido do remo, o Governo anunciou uma elevação de meta de superávit primário. Esta medida sim colabora para a redução eficaz da taxa de juros sem, contudo, comprometer a rolagem da dívida interna. Isso mesmo. Uma queda maior na taxa de juros, considerando as expectativas de inflação, pode tornar difícil a rolagem da dívida. Desta forma, a medida acertada de elevação do superávit primário em resposta à crise reforça a avaliação das agências de rating enquanto uma redução maior da taxa de juros compromete a gestão da dívida e seu financiamento!
Aparentemente, a decisão do Copom olhava para a valorização do real e para a necessidade de neutralizar a taxa de cambio.
Tinbergen já alertava décadas atrás para a necessidade de vincular um instrumento de política econômica a uma meta ou variável objetivo e a uma instituição. Desta forma, o Banco Central deveria obedecer ao Decreto Lei que definiu o compromisso da Autoridade Monetária com a meta inflacionária. Talvez pensar em controles de capital fosse o mais adequado para enfrentar a situação atual e a apreciação cambial. Mas, com certeza mudar de objetivo amplia o ambiente de incerteza, eleva a especulação e, como resultado talvez tenhamos que reformular a frase do professor Simonsen para Cambio aleija, mas Inflação mata!