Este texto se baseia no trabalho de iniciação científica de Tiago Porto, aluno da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação de Cristina Helena Pinto de Mello
Para uma melhor compreensão do movimento das políticas monetárias adotadas pelo Banco Central Europeu, o período de 2008-2014 foi dividido em três fases, as quais representam política monetárias de controle ou afrouxamento da oferta de euro adotada pelo BCE. O período foi dividido em 2008 a julho de 2011, julho de 2011 a final de 2012 e início de 2013 a maio de 2014.
Para uma melhor compreensão do movimento das políticas monetárias adotadas pelo Banco Central Europeu, o período de 2008-2014 foi dividido em três fases, as quais representam política monetárias de controle ou afrouxamento da oferta de euro adotada pelo BCE. O período foi dividido em 2008 a julho de 2011, julho de 2011 a final de 2012 e início de 2013 a maio de 2014.
Fonte: BCE, elaboração Tiago Porto
A
primeira fase, do ano 2008 a julho de 2011, é destacada por representar
expansão leve (comparada com o período posterior), do total do ativo do BCE,
demonstrando que a entidade europeia controlou a oferta monetária na medida do
possível, numa fase que passa pelo estopim da crise e por sua ascensão. Neste
período de 3 anos e meio houve uma expansão do total do ativo de
aproximadamente 600 bilhões de euros. Essa expansão do total do ativo teve como
principal instrumento responsável, as operações de política monetária (títulos
emitidos) do Banco Central, que tiveram crescimento de aproximadamente 390
bilhões de euros. Isso significa que o BCE ampliou as operações com títulos
públicos em circulação no mercado e, portanto, emitindo dinheiro, numa
tentativa de estimular a concessão de empréstimos por parte dos bancos
A
segunda fase, do período de julho de 2011 ao final de 2012, foi a que
representou grande expansão do total do ativo do BCE, mostrando significante
afrouxamento do controle da oferta do euro. Isso é notado pela expansão no
curto intervalo de um ano e meio do total do ativo no montante de 1100 bilhões
de euros. É importante notar que este afrouxamento realizado pelo BCE está
totalmente vinculado ao aumento de suas operações de redesconto, que neste
período teve um crescimento em suas operações no montante de 890 bilhões de
euros. Essa fase coincide com a mudança
na direção do Banco Central Europeu e compreende o pronunciamento de Mario Draghi:
“Dentro do nosso mandato, o Banco Central Europeu fará o que for necessário
para preservar e manter o Euro. E acredite-me, será o suficiente.” Muito embora o pronunciamento tenha sido
importante para acalmar expectativas do Mercado, nota-se que desde o início de
seu mandato o presidente do BCE já vinha afrouxando os controles e ampliando a
oferta de moeda de forma a oferecer liquidez ao mercado.
A última fase, do início de 2013 a março de
2014, representa o período no qual o BCE encerra sua política de afrouxamento
do controle da oferta do euro e passa para um período no qual pratica uma
política intensa de controle sobre a moeda europeia, optando, pela primeira vez
em todo período analisado, por tirar moeda do mercado.
Fonte: BCE, elaboração Tiago Porto
Analisando-se
o período como um todo, podemos notar que as políticas de controle da oferta de
moeda por parte do Banco Central foram principalmente guiadas pelas operações
de redesconto. O recurso sugere que a intenção do Banco Central era restaurar a
liquidez dos Bancos Comerciais e sua credibilidade. A variação do Ativo do
Banco Central Europeu corresponde à variação na oferta de moeda do Banco
Central que chamamos Base Monetária. O M1 corresponde à oferta de moeda
constituída pela soma do papel moeda em poder do público e os depósitos a vista
no sistema bancário. Assim, a expansão do ativo do BCE não foi suficiente para
evitar a queda do M1 por ocasião da crise bancária europeia na primeira fase.
No entanto, o pronunciamento do Presidente da Autoridade Monetária e a expansão
maior no ativo do BCE reverteram a tendência de queda do M1 a partir do segundo
semestre de 2011 para 2012.
Após a análise da expansão do
total do ativo no balancete do Banco Central Europeu passamos a relacionar esse
aumento com o valor do Produto Interno Bruto dos países do bloco, para assim
entender se este crescimento do total do ativo teve em seu interior bases
reais, ou seja, se estava relacionado com o aumento da produção, ou não.
Podemos
notar que o PIB da UE não teve grandes variações no período mantendo-se sempre
com valor em torno de 2.327 bilhões de euros. Entretanto o total do ativo como
analisado anteriormente, passa por uma elevada expansão no quarto semestre de
2011 até o final de 2012, guiado pelo aumento das operações de redesconto realisadas
pelo BCE. Neste período, o total do ativo ultrapassou o PIB da UE no montante
de 726.631 milhões de euros, indicando que a expansão do total do ativo e,
portanto do aumento da oferta de euro na economia não se baseou no crescimento
real da produção do bloco, criando assim uma tendência a desvalorização do
euro. Mas não se observa no mesmo período a desvalorização do euro ou a
inflação o que parece corroborar com a hipótese Keynesiana de aumento na
preferência pela liquidez. Desta forma o mecanismo de transmissão da oferta de
moeda aparentemente não resultou em pressões inflacionárias ou de
desvalorização e, possivelmente, foi apenas suficiente para acalmar a maior
demanda por moeda resultante de uma maior preferência pela liquidez, normal em
períodos de crise.
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