segunda-feira, 18 de abril de 2011

Standard & Poors Reclassifica a Dívida Americana para negativa

A perda de dinamismo da Economia Americana resultou em crescentes déficits internos e externos. O financiamento destes déficits tem sido feito através de um mix: parte com emissões monetárias e parte com crescimento da dívida.
Para qualquer país, um crescimento da dívida está associado a um aumento da taxa de juros e um aumento do risco-país. O cálculo do risco-país mensura a diferença entre a taxa de juros de uma cesta de títulos emitidos pelo país em questão e a taxa de juros americana. Por definição, consideramos a economia americana, seus títulos e sua taxa de juros correspondentes a risco zero. A lógica está no fato de ser este o país emissor da moeda de reserva utilizada mundialmente.
No entanto, o crescimento dos déficits e dívidas norte americanos explicam tanto a crise em 2008 como , em parte, o crescimento dos preços das commodities recentemente (há neste ponto algum debate a respeito).
A desvalorização do dólar permitiria o financiamento da dívida e déficit interno e o aumento das exportações com redução das importações. Contudo, por ser o país emissor da moeda de reserva, os EUA não controlam sua taxa de câmbio. Uma desvalorização ou valorização é obtida através de acordos e esforços coordenados.
Hoje, uma desvalorização do dólar significaria uma valorização do EURO, do Real, do Iuane e do Ien entre outras moedas.
No caso da Europa, assistimos aflitos às dificuldades de contornar a crise para países como Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda e Itália. Assim, uma desvalorização do dólar com consequente valorização do Euro desestimularia ainda mais as exportações destas economias, diminuindo o ritmo de crescimento do nível de atividade e a arrecadação tributária. Desta forma, uma desvalorização do dólar não é desejada pela União Européia e o acordo pela desvalorização se torna impraticável. Juntam-se às trincheiras européias economias como a Chinesa e a Brasileira. No caso do Brasil, há tempos tememos pelas consequencias da forte valorização do real: uma desindustrialização.
Diante deste quadro a agência S&P reclassificou como negativa a perspectiva de solução para a dívida americana no longo prazo. As medidas necessárias, como a desvalorização, o corte de gastos e/ou aumento na tributação tem impactos altamente indesejáveis seja para os americanos seja para as demais economias. O corte de gastos tem forte efeito recessivo. Uma contração no nível de atividade significaria uma contração das exportações e da economia chinesa e em cadeia para a economia mundial. O aumento da tributação possui efeito semelhante. Agrega-se a esta alternativa a dificuldade em escolher sobre quem recairia o esforço tributário: as corporações (com consequente perda de competitividade agravando o resultado do Balanço de Pagamentos Americano) ou as famílias (com impactos recessivos somados ao fato de ser esta a base de apoio do atual presidente da República dos Estados Unidos e candidato às próximas eleições).
Desta forma, os cenários são cada vez mais pessimistas. Resta saber como economias como a Européia, a Brasileira e a Chinesa vão conseguir enfrentar o que está por vir....

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